domingo, agosto 31, 2008

maçã verde




dentro da noite dos parágrafos espelhados, rolou a maçã verde.

esburacada, era surda ao terror dos falsos sinais.

cada espaço oco da maçã verde, era uma casa indivisível, sem brisa nas manhãs solarengas.

os corpos, habitavam o centro do tempo que os alimentava.

à solta borboletas davam vida, com cores salteadas pelo embrião da sede dos desejos.

ali habitava a menina dos restinhos pendurados em pratos de pele espessa. era uma menina transparente, sem ossos, olhos de peixes lesados.


outras meninas viviam nos alvéolos da maçã verde.

uma menina vestida de mar, com mantas de nuvens ou a menina vestida de meio sol e meia lua .

muitas outras meninas e meninos de saberes nutridos, conviviam na verde maçã, tinham vestes de sois doirados e de fases de luas, ou até de corais e estrelas semeados pelos seus corpos nus.


todos jogavam aos sentires, enquanto as gaivotas esvoaçavam em dançares delicados, como de mulheres esculpidas em areia.

só sabiam multiplicar as imagens dentro de uma nudez sublime.

na areia molhada da maçã verde, onde o mar era o tempo presente, os dias eram palco de convívio. crescia-se imaginando cenários de vida

nos sonhos, todos caminhavam em gestos silenciosos .

lavravam o corpo com as mãos e semeavam a flor da fertilidade com palavras assentes no insólito.


as noites eram prazeres saciados em histórias de inventar, contadas ao ar livre, sobre um luar ilusório

misturavam-se as partilhas, em olhares exigentes e em vozes roucas mas intensas. davam o sentido de um espaço de ternura.

foram dias passados entre aventuras, onde as perguntas tinham a respostas de desejos concluídos. germinaram sonhos de arte, redescobertos nas palavras inesgotáveis.


a maçã verde deixou de rolar. ficou na praia, onde o mar lhe acariciava os pés

os meninos voltaram aos seus lugares, sem as vestes ilusórias…





l.maltez





os silêncios são uma prece…

  os silêncios são uma prece… escuto-os dentro das noites que atravesso! prendo-me ao rumor do vento quero um dia limpo, na vertigem de qua...